Os mundos da Expointer
Leia artigo escrito por Wilson José 'Cicico' Mateo Dornelles, médico veterinário e produtor rural uruguaianense
As pessoas que por razões diferentes não conhecem ou nunca foram à Expointer, não tem ideia da diversidade da vida que se cria e cresce nessa que é considerada a maior exposição agropecuária da América Latina. São muitas atividades, muitos interesses, negócios os mais variados, palco para lançamentos, inclusive de ideias, trabalhos, políticas e muito mais. A Expointer ficou tão grande que acabou se transformando num enorme Universo, cheio de mundos.
Podemos começar pelo mundo do Cavalo Crioulo, esse um exemplo que precisa ser considerado, porque foi um dos que cresceu de dentro para fora. De uma disputa amadora, de compadres, sem nem mesmo ter um local apropriado, em poucos anos, construiu uma cidade, muito maior do que aquela onde tudo começou. Mas também se arriscou a conhecer o Universo verdadeiro e em cada ponto, deixou uma semente que germinou e floresceu, permitindo que os seus aficionados respirem o perfume que inebria aqueles que preferem os cavalos. Esse ar renovado e cada vez mais puro já é sentido em todo o Brasil, contaminando a Europa, mas fundamentalmente proporcionando uma respiração muito mais regular aos vizinhos sul americanos, aliás onde essas aventuras parecem ter surgido. No mundo dos Crioulos constatamos uma realidade totalmente diferente das demais, nela temos de um lado um movimentado e espetacular esporte que culmina com a final do campeonato e de outro as avaliações dos expoentes da raça e as implicações comerciais que a valorização pela qualidade oferece. Com o sucesso do Freio de Ouro, todos querem estar ali, pelo menos no horizonte visual, mas também receber os reflexos que os “Neymars dos cavalos” podem oferecer à quem frequenta e se dedica a essa atividade.
Um mundo invejável na Expointer é o das máquinas agrícolas, na verdade um grande planeta com satélites que orbitam na viagem motivada pelos intensos recursos registrados e sacramentados pelo progresso da ciência e da tecnologia. Quem não precisa ou não quer, conseguir os melhores resultados, apresentados e estampados nos produtos que são estrelas da exposição ? Resguardados por aqueles protetores que o circundam e que por ali recebem também a oportunidade de um espaço naquele mundo, como bancos, mídia, assessorias técnicas, entidades publicas e privadas. Esse mundo das máquinas, falando de Expointer, é o mais invejado e produtivo de todos, se considerarmos os resultados obtidos. Nele tudo é imenso, desde a colheitadeira de última geração, até a soma dos valores das vendas. Um mundo saudável e altamente necessário, igualmente responsável pelos grandes campeonatos de produção agrícola brasileira.
A pecuária de corte, aliás um dos pilares das nossas exposições agropecuárias, tem lá um muito particular e conceituado mundo. Uma das riquezas mais tradicionais do estado, que ocupa milhares de pessoas, que consegue entregar matéria prima à indústria de carnes mesmo sem receber a remuneração justa, que por sua vez também emprega outros milhares de pessoas, não foge da raia e no seu mundo, com características próprias, de matar a cobra e mostrar o pau, vai de Expointer em Expointer, tratando com colírio os olhos daqueles que não conseguem olhar ao outro lado. Os apaixonados pelos animais entendem que essa é uma beleza necessária, diferente, que está nas partes apropriadas. A pecuária gaúcha, tradicionalmente produtora de carne de qualidade, aprendeu a ler a pesquisa, conseguiu ouvir os resultados, soube aprimorar conceitos para atingir o Everest desse seu mundo, que agora, por ser do tamanho do Brasil, já sonha e projeta a ambição de estar muito mais longe dos muros do Parque Assis Brasil, mas chegar ao último destino do Globo Terrestre. Aqui devem ser somados resultados de qualidade, popularidade e desempenho, multiplicado por dezenas de raças, cada uma delas com a sua região preferencial, seu publico e suas possibilidades. A Expointer, nesse caso, de um enorme mundo, acaba também se transformando em satélite, uma vez que proporciona o debut de artistas que vão brilhar na passarela da safra que vem logo ali pelo meio de setembro, até quase o final do ano.
Um mundo mais novo, mas com históricos poderes de dominação, está o da Agricultura Familiar. Nela os tradicionais produtos caseiros com seus sabores e aromas, milagrosamente revelam locais, pessoas, tradições, que simplesmente nos levam a pedir clemência para experimentar cada um desses motivos. Eles valorizam muito mais os bons paladares, contando a cada mordida, centenárias batalhas, seus participantes e onde aconteceram. Sem dúvidas, um mundo rico de sabores, mas da melhor história rio-grandense.
A nossa FARSUL também tem o seu mundo na Expointer. Um mundo construído com paciência, mas com muita determinação. Atingir o objetivo pretendido e necessário, sendo protagonista maior, exigiu muita competência e visão. A FARSUL confeccionou os próprios uniformes, ponto por ponto, costura por costura, usados na batalha de, junto ao Govêrno do Estado, realizar a Expointer. Para o lado que olharem tem Farsul e suas divisões, tem na carne, tem no vinho, tem no óleo de oliva, tem na maçã, tem na uva, tem no arroz e na sua pretendida diversificação, nas máquinas tem também, igualmente na lã, tem nas novas ideias, nas desejadas soluções para o leite, para os frangos e suínos que pedem mais milho, tem na segurança rural, na formação profissional, enfim tem muita Farsul no mundo da Expointer, que aliás parece ser sempre a inauguração anual de uma guerra para defender o sistema produtivo.
A pecuária de leite é um outro mundo, gerido e controlado pela régua da produção. Nele, ao contrário da cintura das pessoas, quanto maior melhor, mostrando posições e destaques de dar inveja as produções internacionais. No seu local tradicional e muito funcional o leite se esmera na Expointer e “tira” muitos litros de soluções e possibilidades.
O comércio de tudo tem espaço e vida na Expointer, onde as pessoas, os visitantes, o transformam num mundo Shoping Center e vão lá só para comprar. Vale muito à pena, ocupar um pouco desse espaço mundial, lá estão as mais recentes novidades respaldadas pela importância do evento, que sugere algum acréscimo de apresentação e valores.
“Outro mundo”, assim podemos tratar o mundo das ovelhas na Expointer. Aqui muda o quadro, aparece outra pintura, mas sempre emoldurado pelas pessoas, que na verdade são a luz dessa inquestionável forma de vida que é a criação desses animais. Algumas coisas superam os acontecimentos normais, como raças que estão em alta, vendendo bem, outras que ao contrário estão em baixa, lá nada disso é significativo, embora todos procurem e se especializem em fazer e produzir o melhor. As ovelhas na Expointer superam sempre todas essas dificuldades que são notórias e que mudam de teatro a cada ano. Mas os atores, os criadores é que assumem essa peça, essa representação. Talvez isso é que seja o mais surpreendente, as pessoas, elas é que seguram o bastão, como os pastores usam para guiar as ovelhas.
União, reunião, amizade, respeito, carinho, compreensão, paciência, é ali, no mundo das ovelhas na Expointer. As dificuldades aumentaram este ano, por isso todos pensaram que teríamos menor quantidade no Parque. Ao contrário, a representação foi recorde. Sendo assim, tão difícil, teremos pouca gente, na verdade, muito mais do que em anos anteriores. As pessoas não diminuem, os velhos estão todos, chegam os jovens também, até mesmo aqueles que já nos deixaram, parecem estar ali sentados na caixa dos cabanheiros, descansando os pés ou tomando um mate com o tratador, planejando e retocando a arrumação do mais cotado. Esse outro Mundo da ovinocultura mostra as casas, as sedes, sempre cheias e pessoas com simpatia e comunicação fácil, tornando esse um dos mundos mais agradáveis para se viver, em todo o Universo da Exposição. A carne está ruim, a lã pior ainda, mas todos já combinaram como vão fazer no ano que vem. O melhor nesse mundo da ovelha é o surgimento de novas lideranças com ideias de muitas soluções para problemas seculares dessa atividade. O globo vai rodar como um “pião”.
Modernamente a Expointer criou um novo mundo, o da comunicação. Nele habitam novas entidades, grupos de produtores, a própria mídia, os organizadores do evento. Com uma força espetacular e assessoramentos enormes, ocorrem painéis, fóruns, seminários, até congressos, que saem totalmente consagrados. Como são muitas entidades, algumas até semelhantes nas ideias e propósitos, algumas vezes em horários nobres, ocorrem vários, paralelamente. Mas existe também, nesse mundo, o espaço para as novidades, onde se revelam competências, também menos preparados, mas que aos poucos vão entendendo o que realmente se deve produzir para alimentar, neste caso, a ânsia por informações e novidades, com resultados do campo, positivos e verdadeiros.
A Expointer é assim, democrática, disponível e universal, onde todos podem participar e oferecer possibilidades. Por outro lado, receber um dicionário de ideias e conclusões.
Por Wilson José ‘Cicico’ Mateo Dornelles, médico veterinário e produtor rural uruguaianense
Foto: Divulgação/Governo do RS
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Por Cicico Dornele
Crédito da foto: Divulgação
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