Conheça as técnicas de cruzamento em ovinos
A realização dos cruzamentos nas condições brasileiras de criação de ovinos é direcionada pela influência das condições ambientais no manejo e nos resultados dos rebanhos
A técnica do cruzamento procura utilizar as vantagens proporcionadas pelo fenômeno genético da heterose, também conhecido como vigor híbrido, que acontece quando carneiros e ovelhas de duas raças diferentes são acasalados. Nesse fenômeno, muitas características dos descendentes acabam se mostrando superiores à média dessas mesmas características presentes nos pais. É importante lembrar que a heterose ocorre, mas em menor grau, quando é promovido o acasalamento entre um animal de raça pura e um mestiço.
São três os tipos de cruzamentos mais utilizados na ovinocultura, visando a ganhos genéticos: o industrial, o triplo e o absorvente.
Cruzamento industrial
A realização dos cruzamentos nas condições brasileiras de criação de ovinos é, basicamente, direcionada pela influência das condições ambientais no manejo e nos resultados dos rebanhos. Isso ocorre, porque as raças de ovelhas se diferenciam entre si não apenas em sua morfologia, mas também na sua adaptação a diversos tipos de ambientes e de manejo, e na sua performance, quanto à produção de carne, leite ou lã.
Existem raças de ovinos que, ao longo de muito tempo, foram selecionadas para maior aptidão de carne. São animais que ganham peso com maior velocidade e apresentam carcaças com formato desejado pelo mercado, que apresentam maior rendimento em carne. Por outro lado, existem outras raças que, ao longo do tempo, foram selecionadas para produção leiteira. Para a ovinocultura de corte, a importância das raças leiteiras está no fato de que suas crias recebem maior quantidade de leite, propiciando melhores condições para que a taxa de mortalidade se reduza.
Para executar um programa de cruzamento industrial, o ovinocultor precisará de dois rebanhos distintos: o primeiro destinado à produção de fêmeas de reposição que deverão ser de raça pura, composto por metade do total das ovelhas da propriedade, as quais serão cobertas apenas com machos da mesma raça; o segundo rebanho será destinado ao cruzamento propriamente dito, com as ovelhas sendo acasaladas com carneiros da raça especializada em carne, e todos os descendentes sendo destinados ao abate.
Dos animais resultantes do acasalamento entre ovinos da mesma raça, uma porcentagem das borregas, de preferência as melhores, serão cobertas por machos da mesma raça, para reposição de ovelhas puras. O restante das borregas será utilizado na reposição do rebanho de matrizes que estão em cruzamento, de forma que o número de animais possa se manter constante, atendendo às necessidades dos cruzamentos em relação às fêmeas puras.
Cruzamentos triplos
Nos cruzamentos triplos, as fêmeas meio sangue, resultantes do cruzamento industrial, são aproveitadas como matrizes, sendo cobertas por machos puros. Essa forma de trabalhar se baseia no fato de que as fêmeas meio sangue, geralmente, resultam do cruzamento entre raças mais adaptadas ao meio ambiente, de maior aptidão leiteira e com boa habilidade materna, características que elas deverão herdar em boa parte.
Isso faz com que a taxa de mortalidade de cordeiros descendentes das fêmeas meio sangue diminua, sensivelmente, sem contar que a grande adaptação à vida desse tipo de animal, nas pastagens tropicais, aceita bem um manejo mais simples. Essas fêmeas resultantes do cruzamento industrial serão cobertas por machos de raças especializadas em produção de carne, produzindo animais com 3⁄4 de sangue de raças especializadas em corte, que serão recriados em confinamento.
Cruzamento absorvente
Outro tipo de cruzamento muito utilizado, nas condições brasileiras, é o cruzamento absorvente. Por essa técnica, busca-se ampliar o rebanho de animais puros de uma determinada raça, cuja população de fêmeas puras é muito pequena. Essa forma de se manejar geneticamente um rebanho é importante, em situações nas quais existem poucos animais de uma determinada raça, cuja aquisição pode ser difícil e cara.
Com isso, um ovinocultor pode, ao longo do tempo, formar um rebanho inteiro de uma determinada raça de ovino, a partir de um grupo de animais mestiços, surgindo daí animais classificados tecnicamente como puros por cruza. Para fazer o cruzamento absorvente, o ovinocultor partirá de um grupo de qualquer genótipo. Todas as ovelhas serão cobertas, sempre, por carneiros da raça que se deseja atingir, geração após geração, em todas as fêmeas resultantes.
Dessa maneira, na primeira geração, serão obtidas fêmeas com metade do sangue da raça desejada; com elas será acasalada novamente a raça alvo, gerando crias com 3⁄4 de sangue. Em seguida, o procedimento se repete, sucessivamente, atingindo vários graus de sangue a cada geração: 7/8, 15/16 e finalmente, 31/32.
Mas é importante destacar que, enquanto as fêmeas são aproveitadas no processo de cruzamento, os machos resultantes dessas várias gerações de cruzamentos devem ser descartados. Da mesma forma, ao longo do programa de cruzamentos absorventes, podem ser usadas técnicas de melhoramento genético, com introdução de genética superior e descartes dos piores animais, visando à formação de um rebanho de fêmeas, com uma qualidade genética crescente a cada geração.
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Por Andréa Oliveira/Cursos CPT
Crédito da foto: Reprodução/Cursos CPT
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